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Saturday, March 17, 2018

eles estão mortos demais

haja o que houver
eles estão mortos demais
afogados na própria cólera
engasgados com fel
na saliva
eles são a verdadeira carne
podre que anda e ri sem
entender as mazelas do mundo
fantoches das manchetes
vassalos da televisão
haja o que houver
eles são os verdadeiros mortos
os suicidas da lucidez
e celebram suas desgraças
sorrindo pela dor dos outros
e comemoram a morte da mártir
a mulher indefesa fuzilada
eles são corpos em decomposição
nas geladeiras mortuárias
quebradas nas redes 
antiasociais
pulhas pilantras medíocres
boçais ignorantes
débeis mentais
que leem mas não entendem
que pensam mas não
raciocinam
que olham mas não enxergam
sim eles estão felizes
a estupidez lhes regenera
mas o fascismo não é para 
sempre quem atira e mata
também morrerá - o ódio
é o mais certeiro fracasso
haja o que houver por aqui
o assassino é um morto 
em vida - que ninguém se
iluda eles sabem da própria
morte infeliz e nojenta 

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